Muitos estudantes reclamam de uma certa desconexão entre o que se aprende na universidade e o que é necessário colocar em prática no trabalho. No decorrer da graduação ou de cursos técnicos, existem formas de fazer esta articulação com a sociedade, por meio de estágios, oficinas, trabalho voluntário, etc. 

Mas aí aparece outra queixa, de que os estágios, por exemplo, só são oferecidos no fim do curso, em um momento muito próximo da sonhada entrada no mundo do trabalho. Em função deste período de tempo mais apertado, muita gente fica angustiada, sem saber se vai aprender o suficiente para dar conta do que vem pela frente.

Outro fator é que nem sempre é possível escolher onde fazer estágio, em função do número limitado de vagas, por exemplo, ou da gama de instituições que recebem estagiários. 

Mas, não se desespere. Nossa ideia não é trazer à tona o que pode dar errado, mas mostrar para você que existe uma opção bem interessante de fazer essa ponte com o mercado de trabalho desde o início da faculdade ou do curso técnico. 

Adivinhou como? Isso mesmo, fazendo parte de uma empresa júnior! Interessado em saber o que é e como funciona esse tipo de empresa? Então, segue junto.

O que é uma empresa júnior?

Uma empresa júnior é uma empresa que entra na categoria de Associação Livre sem Fins Lucrativos e que é composta e administrada por alunos do ensino superior e técnico de cursos universitários regulamentados pelo MEC.

O que o estudante ganha com isso?

O objetivo de uma empresa júnior é justamente o de aproximar os estudantes do mercado de trabalho, possibilitando a eles colocar em prática o que estão aprendendo na teoria. É uma maneira riquíssima de conferir se a teoria realmente condiz com a realidade e aprender a criar novas soluções ao encarar desafios inusitados. 

Isso tudo com o acompanhamento de um professor orientador que terá como objetivo principal ajudar os estudantes empreendedores a manter a empresa saudável, controlando as diversas áreas e estimulando a inovação.

Apesar de não receber um salário ou uma bolsa, o estudante ganha experiência e enriquece seu currículo. Por atuar em empresas reais, também forma uma rede de contatos, o que abre portas para uma futura contratação. 

Ganhar também significa economizar.

Veja onde mais o estudante economiza:

  • Não precisa investir na abertura de uma empresa própria, no pagamento de taxas e impostos, no ambiente de trabalho e em tudo mais vinculado a isso 
  • Não precisa pagar pelo trabalho de um mentor, pois tem como parceiro o professor orientador
  • Não precisa investir em funcionários, pois trabalha com seus colegas, podendo, inclusive, ocupar cargos variados para entender das particularidades de cada um 

Mas não é só o estudante que sai ganhando. As empresas e instituições de ensino também são favorecidas.

Vantagens para a empresa contratante

Por ser uma associação sem fins lucrativos, os projetos desenvolvidos e o trabalho realizado pelos estudantes de uma empresa júnior são de baixo custo para as empresas contratantes. Não que elas não paguem pelo serviço, mas o valor pago, que não visa o lucro, retorna para a manutenção da empresa e capacitação dos estudantes. 

Outra vantagem na contratação de uma empresa júnior é a garantia da qualidade do serviço, associada à figura do professor orientador e da instituição de ensino.

Marca da instituição de ensino

Ao investir em uma empresa júnior, as universidades ou escolas técnicas ajudam a criar uma rede de implementação de trabalhos que visam ao desenvolvimento da sociedade, ao facilitar o encontro entre teoria e prática.

Por estarem presentes no mercado de trabalho, recebem um retorno positivo de sua imagem, atraindo novos clientes, parceiros e estudantes. 

Conheça, agora, as principais diferenças entre a empresa júnior e a empresa tradicional.

Empresa júnior X empresa tradicional

Para facilitar a didática, vamos separar as diferenças em 4 categorias:

  1. Hierarquia

Nas empresas mais tradicionais, a relação de poder é vertical e centralizada na figura do proprietário. Na empresa júnior, há uma horizontalidade na tomada de decisões, mesmo com cargos de liderança.

  1. Membros

Fazem parte de empresas tradicionais profissionais formados e/ou com experiência. Os membros das empresas juniores são os estudantes.

  1. Objetivo

Nas empresas tradicionais, o objetivo principal é a geração de lucros. Nas empresas juniores, o que se busca é aprendizagem pessoal e profissional.

  1. Remuneração

A remuneração é financeira, nas empresas tradicionais. Nas empresas juniores, a remuneração é convertida em capacitações, manutenção da empresa e ganho de experiência. 

Já entendemos o que, atualmente, é a empresa júnior é a principal ferramenta de educação empreendedora no meio acadêmico, agora vamos ver como ela funciona.

Como funciona?

A seguir você vai entender melhor como funciona a estrutura estatutária de uma empresa júnior.

Associação civil de direitos privados

Apesar do nome, uma empresa júnior não é efetivamente uma empresa. Isso porque as empresas são concebidas como atividades produtivas que visam ganhar e distribuir lucros. 

Enquanto associação civil de direitos privados, assim estabelecida pela lei 13.267 de 2013, a empresa júnior é concebida como tendo finalidades educacionais que visam capacitar os acadêmicos ao mercado de trabalho por meio de atividades empreendedoras.

Propósito comum

A união de estudantes que tem como maior propósito transformar o Brasil, no sentido de gerar grande valor ao mercado e à economia através de projetos de desenvolvimento socioeconômico. Não se trata, portanto, de um retorno apenas individual.

Sem fins lucrativos

Isso está diretamente ligado ao item anterior. Os resultados financeiros provenientes de projetos executados pelas empresas juniores devem ser tidos como indicadores de sucesso exatamente por mostrarem que estão sendo realizados e que têm grande impacto na sociedade. 

Ganhos excedentes são reinvestidos na própria empresa, para que ela possa se manter atuante no mercado, assim como em capacitações, cursos, marketing que visam ao aperfeiçoamento dos envolvidos. 

Cooperação

Assim como em qualquer outra associação ou agrupamento, há normas estabelecidas para ao bom funcionamento institucional, como:

  • Procedimentos para associação
  • Processo eleitoral
  • Andamento dos órgãos deliberativos

Isso ajuda a criar um sentimento de responsabilidade quanto uma causa comum. 

Como montar a empresa júnior?

O que é empresa júnior e como abrir uma

Gostou da ideia de participar de uma empresa júnior? 

Mais: quer montar uma?

Então, os seguintes passos podem ter ajudar.

  1. Construa uma rede de alunos interessado e acione a instituição responsável

Para montar uma empresa júnior, você precisa de parceria. Fale com seus colegas e demais estudantes que possam ter o mesmo interesse, dizendo a eles da importância e dos benefícios deste tipo de empreendimento. 

Procure, na sua universidade ou escola técnica, o órgão responsável pelas empresas juniores e se informe sobre a política local para a criação de associações. Algumas universidades têm incubadoras de empresas, área que trabalha exclusivamente com estratégias e táticas para a implementação de empresas inovadoras.

  1. Busque um professor orientador 

Além de ajudar no decorrer do empreendimento, o professor orientador dá credibilidade ao projeto frente aos processos internos da instituição educacional. Depois disso, é importante apresentar os planos de abertura da empresa.  

  1. Defina uma identidade 

Quanto mais alinhados os estudantes estiverem com o que vão oferecer, melhor. 

Aqui cabe itens como:

  • Nome da empresa
  • Logo da empresa
  • Organograma empresarial, incluindo administração, marketing, RH e projetos

O organograma representa a estabilidade e funcionalidade de uma empresa.

  1. Determine possíveis projetos

Como a empresa júnior pode ser implementada por estudantes de diversas áreas de saber, o interessante é incluir projetos que estejam vinculados às habilidades e conhecimentos específicos trazidos por cada um.

  1. Crie uma rotina interna e tenha uma plataforma de gestão e comunicação

Organize sua empresa. Crie um calendário com reuniões semanais ou quinzenais, determine fluxos de atividades e orientações de como proceder. São esses procedimentos que vão determinar um padrão de qualidade para os estudantes. Uma plataforma de gestão e comunicação serve para manter esse alinhamento e garantir a união e proatividade da equipe. 

Dicas

Agora que você já sabe o que é uma empresa júnior e como montar uma, ficam as últimas dicas:

Crie um plano de negócios

O que você quer fazer mesmo? Um plano de negócios serve para isso. Assim que estiver em um grupo de estudantes a fim de empreender e que tudo tenha sido resolvido com a administração universitária, delimite o funcionamento de sua empresa.

Neste plano, você vai responder questões do tipo:

  • Quais serviços serão oferecidos?
  • Como serão oferecidos?
  • Qual será o custo?
  • Como manter a empresa?
  • Quais são as possibilidades de crescimento?

Se você quer realmente começar a empreender, é importante saber com clareza quais são suas condições e limitações.

Saiba mais: A importância do plano de negócios

Seja comprometido

Assim como em qualquer empresa ou acordo em um grupo de amigos, é preciso estar comprometido com o empreendimento. Talvez isso mereça um maior destaque em função de não haver uma remuneração financeira. Vale lembrar que você está ganhando de várias outras formas, conforme comentado anteriormente.

Neste sentido, é importante uma divisão correta das funções e dos cargos, mesmo que possam ser trocados quando assim decidido, para que cada um exerça o que convém, da melhor maneira e com seriedade. 


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